Não há mais ingressos para a nova turnê de Taylor Swift. O anúncio foi feito pela Ticketmaster, aludindo à excessiva procura. Após o fim da pandemia, muitos artistas foram incentivados a dar novos shows e muitos deles estão tendo uma ótima recepção. Mas por trás desses problemas não há apenas uma avalanche de torcedores empolgados, mas também um sistema de venda de ingressos que clama por modernização.
Uma avalanche de 3,5 milhões de usuários. No primeiro momento em que a Ticketmaster colocou à venda os bilhetes para a ‘The Eras Tour’, um total de 3,5 milhões de utilizadores tentaram comprar um. Portanto, decidiu-se aumentar o número de shows programados nos Estados Unidos, de 27 para 52 apresentações. Mas não foi suficiente.
Depois de cinco anos sem dar um show, havia muita vontade de ver Taylor Swift. Mas, para nos dar uma ideia da demanda, a Ticketmaster explica que foi registrado um tráfego inédito na web, até quatro vezes maior que o maior recorde de sua história.
Venda de ingressos cancelada e imagem muito ruim. Estoque insuficiente e alta demanda levaram a Ticketmaster a cancelar a venda de ingressos para esta turnê. O anúncio teve um efeito imediato na Live Nation Entertainment, a empresa por trás da Ticketmaster com a qual se fundiu em 2010, que caiu ligeiramente no mercado de ações, embora já esteja se recuperando.
Mais notável tem sido a reação nas redes sociais, onde milhares de fãs manifestaram o seu descontentamento, primeiro com as filas virtuais de várias horas, com milhões de pessoas à espera e depois com a gestão da venda. Até a senadora americana Amy Klobuchar escreveu uma carta aberta ao CEO da Ticketmaster afirmando que ela tem “sérias preocupações sobre as operações da empresa”.
Devido às demandas extraordinariamente altas nos sistemas de venda de ingressos e ao estoque insuficiente de ingressos para atender a essa demanda, a venda pública de amanhã para Taylor Swift | A Eras Tour foi cancelada.
— Ticketmaster (@Ticketmaster) 17 de novembro de 2022
Ticketmaster perde a guerra contra os bots. Sabendo da grande procura que iriam ter, a Ticketmaster criou um sistema de pré-registo para “seguidores verificados”. Um mecanismo para tentar eliminar os sistemas automatizados de compra de ingressos.
No entanto, o resultado foi um processo histórico junto com um “número surpreendente de ataques de bots, bem como de fãs que não tinham códigos de convite”, explicam eles da Ticketmaster. Um colapso de usuários, tanto validados quanto automatizados, que derrubou a página de vendas de ingressos veteranos.
Mais de 20.000 euros por bilhete na revenda. O preço dos bilhetes custa entre 49 e 449 dólares, mas a revenda de bilhetes tem revelado preços superiores a 20.000 euros por bilhete.
A Ticketmaster orgulha-se de ter vendido mais de dois milhões de bilhetes para estes concertos. “O maior número de bilhetes vendidos num único dia para ver um artista”, apontam. A questão é saber até que ponto esses bilhetes vendidos serão utilizados directamente ou colocados à venda em plataformas como a Viagogo, a preços consideravelmente preços mais elevados.
Você tem que parar de revender. O atual sistema de bilhética já passou por momentos tensos. A experiência de comprar um ingresso para um grande show é repleta de problemas, desde enormes filas virtuais até um preço cada vez maior. Um preço não apenas atribuível à situação econômica; também à escassez gerada artificialmente pela revenda.
Artistas como o grupo alemão Rammstein decidiram denunciar as páginas de revenda. Enquanto isso, plataformas como a Ticketmaster permanecem inalteradas. Continuam a vender bilhetes a preços elevados, com o único inconveniente de terem de gerir a elevada procura em picos muito específicos. Comprar um ingresso para uma grande turnê se tornou um pesadelo. É hora de uma mudança profunda neste sistema.
Imagem | Eva Rinaldi